Edgar Henry Schein, psicólogo e professor do MIT, Massachusetts Institute of Technology, um dos principais teóricos da psicologia organizacional de nosso tempo, escreveu sobre as oito ancoras profissionais. Nesse conceito, ele apresenta os três pilares que norteiam nossas decisões de carreira e espelham nossa essência como profissional.
Imagine que esteja acontecendo um processo seletivo com cinco candidatos para a mesma vaga. Cada um deles pode ter estímulos diferentes para querer escolher aquela vaga. Um candidato pode estar olhando aquela vaga como uma oportunidade para se desenvolver tecnicamente, porque a empresa é muito forte nessa questão. Uma outra pessoa pode querer essa vaga porque acredita que fará algo em benefício ao mundo, pois também existe o viés social daquilo que ela se propõe a fazer, e isso faz muito sentido com os valores dela.
A questão é que, em maior ou menor grau, estas âncoras acabam norteando a vida desses profissionais. Toda vez que entramos em um novo projeto, criamos algo parecido com um “contrato psicológico”, sobre o qual realizamos um pacto interno: “estou entrando nesta empresa porque estou visualizando um crescimento técnico.”. Se no meio do caminho isso não acontecer, nós quebramos esse contrato. Não somente porque não somos atendidos, mas porque a oportunidade não apresenta o que precisamos para nos mantermos ligados aos nossos valores.
Mas por que é importante conhecermos nossa âncoras profissionais? Porque é sempre um ganho saber o que devemos, ou não, desenvolver. Assim como o gato falou para Alice: “Se não sabe aonde quer ir, qualquer caminho serve”, também cabe a nós. Se não sabemos o que queremos ser, nem onde e como queremos trabalhar, qualquer trabalho serviria, mas sabemos que isso não é verdade.
Então quais são as oito âncoras profissionais?
Competência técnica e funcional: As pessoas que estão ancoradas por “competência técnica e funciona” vão buscar sempre um viés de especialização. Se motivam quando visualizam que podem se tornar experts em um assunto. Buscam trabalhos desafiadores para testarem seus conhecimentos e habilidades. São pessoas que não visam altos cargos administrativos, normalmente se sentem confortáveis em cargos generalistas, buscando cargos de especialistas em suas áreas.
Competência para gerência geral: Quem tem essa característica como principal âncora profissional são pessoas que estão buscando cargos de alta complexidade, mais altos dentro da empresa. Visam a liderança e têm como motivação atingir o topo de sua hierarquia. Sua mentalidade é de que ser um especialista é limitar sua potencialidade, portanto busca saber como funcionam as áreas da empresa, mas não vai a fundo em nenhuma delas.
Autonomia e Independência: Quem se ancora nessa âncora, busca sempre um ambiente e uma situação que o permita ser o mais independente possível em sua tarefa. Geralmente impõe certas condições para aceitar novos desafios. Organiza sua vida profissional em torno de trabalhos que lhe proporcionam mais escolhas e poder de decisão.
Segurança e Estabilidade: Normalmente as pessoas que se apoiam nessa âncora têm por necessidade se sentirem seguras em seu emprego. Buscam previsibilidade de futuro, um ambiente que lhe permita projetar ações e situações internas, isso porque assim conseguem ter mais tempo para projetar também suas atitudes e sentirem que tomaram as melhores decisões. Por isso, tentam sempre empregos em empresas de boa reputação, que não possuem passado com passivos trabalhistas, nem demissões em massa. É a estabilidade financeira que rege estes profissionais. Preferem, em alguns casos, ganharem menos, desde que se sintam seguros na posição.
Criatividade Empreendedora: Pautados pela inovação e dinamismo, as pessoas ancoradas aqui buscam uma situação que lhes deem um viés de novos negócios, sendo autônomo, empreendedor ou mesmo dentro de uma organização. Não são pessoas necessariamente com talentos artísticos, mas sim com espírito empreendedor, que querem estabelecer ou criar negócios próprios. Se motivam com a possibilidade de iniciar novos projetos. Fogem da rotina e da “mesmice”.
Senso de dever, dedicação a uma causa: Essa âncora traz a sensação de que o profissional deve imprimir seus valores no ambiente de trabalho. São voltados aos valores, à moralidade, e se dedicam muito mais às causas do que aos trabalhos que oportunizem o desenvolvimento de seus talentos e competências. São profissionais que querem contribuir com o mundo através do seu trabalho.
Puro desafio: Pessoas que gostam de metas. Aqui os profissionais definem sucesso como a superação de obstáculos muito difíceis. Possuem a capacidade de solucionar problemas que parecem impossíveis. Para esses indivíduos, a motivação vem a partir do momento que sentem que podem conquistar qualquer coisa. A busca por desafios norteia seu desenvolvimento profissional.
Estilo de vida: Muitas vezes, as pessoas que partilham dessa âncora são criticadas por parecer que privilegiam a vida pessoal em detrimento da vida profissional. Mas não é exatamente assim. O que acontece é que pessoas ancoradas pelo estilo de vida buscam encontrar uma forma de integrar todas as suas necessidades individuais, de família, de carreira, tudo junto. Podem ser altamente motivados pelo trabalho, mas elas entendem que esse trabalho deve integrar a sua vida como um todo. São pessoas que querem, acima de tudo, flexibilidade.
E agora que você conheceu as oito âncoras profissionais, com qual você mais se identificou?
O importante não é somente identificar suas âncoras, mas também concentrar esforços em prol do seu perfil profissional. O trabalho, as tarefas, as funções e os cargos são muito mais bem exercidos quando realizados por alguém que se identifica e vê sentido no que faz.
Seja um agente de mudança no mundo! Mas comece pelo seu!
Diogo Monticeli Rocha
Sócio Gerente de Expansão
Russell Bedford Brasil
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