Entre os tipos de auditoria, uma delas e talvez a principal no meu ponto de vista é a auditoria das demonstrações financeiras. É comum ouvirmos auditoria externa, pois se trata de auditores independentes. Não é possível estruturar uma equipe interna de auditoria das demonstrações financeiras para emitir relatório de acordo com as normas internacionais de auditoria que pode ser inclusive disponibilizado ao mercado.
O auditor independente tem então a prerrogativa de efetuar testes acerca das informações contábeis que são compiladas em um conjunto de demonstrações financeiras composto de balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício, demonstração do patrimônio líquido, demonstração do fluxo de caixa e notas explicativas.
Basicamente, o auditor dá sua opinião se as informações contábeis contidas nestas demonstrações estão adequadas ou não.
O mercado de uma forma geral entende que o auditor independente é o profissional que dá a credibilidade de que estas informações são corretas, pois geralmente, várias análises são feitas com base nos números apresentados.
Por exemplo, o banco quando analisa a concessão de um empréstimo ou financiamento, verifica as informações contábeis para avaliar a capacidade financeira e geração de fluxo de caixa. Em uma análise de risco por exemplo, a empresa auditada por ter uma verificação independente pode até ter uma redução de taxa de juros. Isso por apresentar informações independentemente verificadas.
Geralmente, quando somos contactados, existem dois tipos de clientes e que avaliamos a abordagem:
- O primeiro é aquele que já é auditado e por alguma razão quer acessar um outro auditor para um eventual rodízio.
- O segundo é aquele que nunca foi auditado e tem a vontade de submeter suas informações contábeis à uma auditoria.
No primeiro caso, nós avaliamos o objetivo da troca de auditor para verificar a seriedade da empresa. Se for uma vontade de trazer uma nova empresa até mesmo para ter uma outra visão das conclusões alcançadas atualmente, seguimos em frente. Neste caso também pode haver a vontade de avaliar honorários e considerar uma concorrência. Assim, vamos em frente para a avaliação da empresa (verificamos porte, qual a necessidade da auditoria, tipos de transações existentes para ver a complexidade do trabalho).
No segundo caso, em reunião com a administração, entendemos qual o objetivo da auditoria e efetuamos uma entrevista para avaliar se a empresa está preparada. Muitas vezes chegamos a conclusão de que a empresa precisa de um apoio para se tornar auditável e acabamos até fazendo uma revisão para identificar o que é necessário avaliar e corrigir. Aqui não seria uma auditoria, mas um diagnóstico para avaliar o que pode estar incorreto. Com um plano de ação, é possível direcionar conciliações, cálculos, levantamentos ou avaliações para corrigir as informações contábeis. Após efetuada a aderência, aí sim podemos conversar e negociar uma eventual auditoria.
Muitas vezes, fazemos esta reunião para a preparação da proposta, fechamos o negócio, iniciamos os trabalhos e verificamos que existem problemas não detectados inicialmente. Neste caso, solicitamos a correção pela empresa e caso não consigam resolver, avaliamos aqui a inclusão de ressalva em nosso relatório de auditoria ou mesmo a impossibilidade de opinião (abstenção).
Ou melhor, no caso de efetuarmos uma revisão com a identificação dos problemas, a empresa precisará utilizar o contador e demais departamentos para efetuar a correção. Algumas empresas contratam um consultor para auxiliar. Neste caso, quando a empresa finalizar os trabalhos, podemos efetuar a auditoria.
Mas se após o diagnóstico a empresa resolve contratar-nos como consultores, e fazemos trabalhos profundos nas informações contábeis, acaba existindo um problema de independência. Assim, não podemos fazer a auditoria. Ou seja, não podemos auditar o trabalho que nós mesmos fizemos. É comum sermos contratados para preparar as demonstrações financeiras para a empresa submeter aos seus auditores atuais.
É claro que existem empresas que já são obrigadas a fazer auditoria (por exemplo empresas de grande porte, planos de saúde, capital aberto, determinadas entidades sem fins lucrativos, instituições financeiras). Para estas, sempre que forem fazer o rodízio de auditores por alguma razão (força de normas ou mesmo decisão da administração), nos procurem para vermos como podemos ajudar.
Para as empresas que não possuem a obrigatoriedade, avaliem o longo prazo, pois uma empresa trabalha com a ideia de perpetuidade tanto para sucessão familiar ou mesmo venda do negócio. Nos dois casos, é importante deixar a empresa atendendo a legislação corretamente e também podemos ajudar (com auditoria ou consultoria).
Outra coisa, é importante as empresas se atentarem ao faturamento. Todas aquelas que atingiram mais de R$ 300 milhões de faturamento são obrigadas a passarem por auditoria por força de lei. Caso não o façam, não estão aderentes. Imagina se uma informação dessa vai para o mercado, pode haver até problemas de imagem da marca.
Noroel Alcantara da Silve Júnior é sócio da Russell Bedford Brasil da unidade São José do Rio Preto – SP. Tem atuado com auditoria independente desde 1997.