Nos últimos dois anos, houve um avanço significativo do tema ESG em várias indústrias, após décadas de discussões. Os consumidores em todo o mundo passaram a questionar mais consistentemente a origem, práticas de sustentabilidade e segurança dos produtos que pretendem consumir. Ao mesmo tempo, o mercado financeiro e os investidores começaram a priorizar marcas e organizações com agendas ESG bem estruturadas a curto, médio e longo prazos.
No entanto, incluir esses temas nas organizações não é uma tarefa fácil. Essas empresas enfrentam lacunas claras de regulamentação a respeito do assunto no Brasil e dilemas entre garantir rentabilidade em um mercado com pressões inflacionárias e adaptar matérias-primas, embalagens e processos produtivos para garantir um menor impacto nas emissões de carbono, uso de água, energia renovável e impacto social e de governança.
De acordo com dados, o Brasil tem um vasto campo de oportunidades para o desenvolvimento da agenda ESG. As pressões externas de órgãos internacionais, como a ONU, a OCDE e o Banco Mundial, e os compromissos e pactos globais reforçados pelas últimas reuniões das cúpulas do clima, tornam necessário que as empresas definam claramente a trajetória ESG, a insiram em sua estratégia e alinhem com indicadores para as tomadas de decisões, não apenas focadas em questões financeiras e regulatórias.
As empresas podem buscar tecnologias com melhor eficiência no monitoramento de água, vapor, calor e menor consumo de energia, utilizar combustíveis alternativos, implantar sistemas de captação de água da chuva, fazer o reaproveitamento na produção e possuir instalações que adotem princípios de eficiência. Na logística, um grande desafio é transformar uma decisão baseada em questões financeiras em uma decisão com indicadores de carbono, buscando modais alternativos e veículos que utilizem combustíveis renováveis.
Outro grande desafio está relacionado à economia circular das embalagens, não apenas na fase de produção, como na distribuição e consumo final, através da coleta de embalagens com programas de conscientização, pontos de coleta, acordos com cooperativas e reaproveitamento deste material pelos processos de reciclagem.
Para enfrentar esses desafios, as empresas devem estar alinhadas com uma estratégia ESG bem definida, executada por fases e com uma governança adequada. Isso inclui o engajamento e compromisso da alta gestão da empresa, o acompanhamento tempestivo das operações, remunerações variáveis dos executivos atrelados à performance ESG e, como consequência, o reporte e prestação de contas para os acionistas, investidores, órgãos reguladores, consumidores e demais públicos.
Outro aspecto importante é que a implementação de uma estratégia ESG pode trazer benefícios financeiros significativos para as empresas, além de trazer valor para a marca e aumentar a fidelidade do cliente. Investidores e consumidores estão cada vez mais dispostos a pagar mais por produtos de empresas comprometidas com a sustentabilidade e responsabilidade social.
Nesse sentido, é fundamental que as empresas estejam cientes das oportunidades e riscos envolvidos no tema ESG e sejam proativas em sua abordagem. É preciso adotar uma abordagem holística que leve em consideração todos os aspectos da sustentabilidade, desde a origem das matérias-primas até o destino final.
Além disso, é importante que as empresas sejam transparentes e prestem contas sobre suas práticas ESG, para que possam ganhar a confiança dos consumidores e investidores. O relatório de sustentabilidade deve ser uma ferramenta chave nesse sentido, apresentando de forma clara e objetiva os indicadores e metas da empresa relacionados ao meio ambiente, responsabilidade social e governança.
Em resumo, a adoção de uma estratégia ESG é fundamental para empresas que buscam se manter competitivas em um mercado cada vez mais exigente e consciente. É preciso assumir um compromisso real com a sustentabilidade e a responsabilidade social, integrando esses valores em toda a cadeia de valor e prestando contas sobre suas práticas. As empresas que abraçarem esse desafio estarão mais preparadas para o futuro e terão melhores resultados financeiros, além de contribuir para a construção de um mundo mais justo e sustentável.
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Diogo Monticeli Rocha – Gerente Comercial da Russell Bedford Brasil